Quando eu Era Chuva”: Eldevan Lobo lança xote-romance que transforma saudade em lamento dançante

 

No universo do forró pé-de-serra, onde a memória tem cheiro de terra molhada e o coração marca compasso com a zabumba, Eldevan Lobo apresenta “Quando eu Era Chuva”, uma canção inédita que aposta no xote romântico com a moldura do lamento. A faixa, lançada de forma independente em 2025, coloca em diálogo duas vozes — feminina e masculina — que narram, de lados distintos da mesma tempestade, uma história de amor que não secou.



A estrutura em dueto é o primeiro acerto da música: as interpretações se alternam e se entrelaçam, reforçando o jogo cênico entre lembrança e desejo. O arranjo mantém as raízes do gênero: sanfona em primeiro plano, zabumba com pegada redonda e triângulo desenhando o espaço rítmico. Sem excessos, a produção aposta na proximidade das vozes e no balanço de salão, fazendo a letra respirar.

A temática é guiada por uma metáfora central — a chuva como corpo, toque e passagem do tempo. Em versos que soam confessionais, a narrativa assume o tom de despedida insistente: não é uma celebração, é “um lamento”. Ao deslocar o amor para o território do clima — “eu era chuva, e você, jardim” — a canção encontra imagens simples e potentes, capazes de comunicar sem explicação.

Outro ponto relevante é a presença da inteligência artificial (SUNO) no processo criativo. Longe de desumanizar a obra, o recurso aparece como parceiro de laboratório, enquanto a condução artística de Eldevan preserva a organicidade que o forró pede. Resultado: uma faixa contemporânea, mas de DNA tradicional.

“Quando eu Era Chuva” se encaixa no repertório que respeita o chão do Nordeste musical, sem abrir mão de novas texturas. É canção para pista e para fone de ouvido — para dançar junto e, se preciso, chorar sozinho.

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