Era uma noite chuvosa, dessas em que a cidade se dissolve sob a água incessante e os postes refletem luzes trêmulas no asfalto encharcado. No pequeno apartamento no centro da cidade, Daniel encarava a janela, vendo a chuva escorrer pelo vidro enquanto o coração pulsava uma única verdade: saudade.
Ele fechou os olhos e deixou a lembrança invadir sua mente. Ainda sentia o calor dos lábios dela, o arrepio na pele quando seus corpos se encontravam. Na última vez que estiveram juntos, o mundo lá fora parecia insignificante, e o tempo, irrelevante. Mas agora, a ausência dela era um temporal que rugia dentro dele, mais forte que a tempestade lá fora.
A cidade estava molhada, mas nenhuma gota se comparava ao oceano revolto dentro do peito de Daniel. Ele sabia que não era preciso chuva para que seu coração transbordasse. O vazio da cama, o perfume que ainda permanecia nos lençóis, tudo lhe dizia que a tempestade só passaria quando ela voltasse. E se ela não voltasse? A dúvida cortava sua alma como um raio cortando o céu.
Ele pegou o celular, hesitou por um instante e, por fim, digitou uma mensagem simples: "Volta pra casa". As reticências surgiram na tela, sinalizando que ela estava respondendo. Seu coração disparou, como um trovão anunciando uma virada no tempo.
A resposta veio curta, mas intensa: "Estou indo".
Daniel fechou os olhos e sorriu. Sabia que, assim que ela chegasse, a tempestade daria lugar à calmaria. E quando seus lábios se encontrassem, o mundo inteiro poderia desabar lá fora – porque ali, entre os braços dela, ele tinha o abrigo que tanto buscava.
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