No começo deste ano, um jornalista sueco afirmou que soldados e médicos
do instituto de medicina forense de Tel Aviv, em Israel, estavam matando
palestinos para roubar seus órgãos. O governo israelense negou as
acusações, mas teve que reconhecer que havia alguma verdade na afirmação
depois que um jornalista estadunidense liberou uma entrevista que havia
feito em 2000 com o então chefe do mesmo instituto, o médico Jehuda
Hiss.
Naquela entrevista, Hiss confirmava que partes como córneas, artérias e
ossos foram retirados de cadáveres de israelenses, e palestinos sem
consentimento durante a década de 90. De acordo com ele, as partes eram
usadas para transplantes em soldados feridos. Após a divulgação da
entrevista, o exército israelense admitiu os procedimentos, mas afirmou
que eles haviam parado de ocorrer há mais de uma década.
Fenômeno global
A polêmica em Israel foi grande, mas outros casos chegaram aos
noticiários nos últimos anos: em 2008,o médico indiano Amit Kumar foi
preso no Nepal, acusado de ser o líder de uma organização criminosa que
teria retirado mais de 500 rins sem a permissão dos doadores. Boatos
afirmam que camponeses indianos eram forçados a permitir a retirada dos
rins e eram ameaçados com armas, embora as acusações ainda não tenham
sido provadas, e o médico não foi a julgamento.
O governo chinês nega a acusação, mas há afirmações que órgãos são
retirados de prisioneiros naquele país. O governo afirma que a retirada
de órgãos só é feita com o consentimento dos prisioneiros, mas
organizações de direitos humanos acreditam que a vontade não é
respeitada.
Em 1994, a organização Human Rights Watch/Ásia conseguiu provas de que
alguns prisioneiros chineses eram mortos rapidamente e tinham os órgãos
retirados logo após a execução. O relatório da organização também
concluiu que estes prisioneiros executados eram a principal fonte dos
órgãos transplantados na China.
Já na fronteira dos Estados Unidos com o México, as histórias de terror
também não são muito diferentes: dezenas de jovens mexicanas foram
executadas próximas à cidade de Juarez. Em abril de 2003, um delegado
mexicano anunciou que algumas das vítimas haviam sido assassinadas para
que seus órgãos fossem retirados e transplantados em cidadãos
estadunidenses. Entretanto, não há fatos para apoiar a apoiar a
história.
Fatos e boatos
As acusações sobre o roubo de órgãos em Israel não são fatos, mas não
são necessariamente rumores. O problema é que a questão é levada como um
problema político, carregado de fatos anteriores. O governo israelense
afirma que a história é irrelevante e falsa, enquanto o governo
palestino usa a história como fato que prova que seus cidadãos e
soldados estão sendo assassinados por seus órgãos.
Por enquanto, não há provas suficientes para apoiar a história publicada
pelo jornalista sueco, entretanto, a admissão de Jehuda Hiss quanto ao
roubo de órgãos, somado à negação do governo, expõe um escândalo muito
perigoso – e muito real.
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