O quarto estava mergulhado na penumbra, iluminado apenas pelo brilho pálido da lua que entrava pela janela. Jonas sentia o peito apertado, como se cada batida do coração fosse um eco de algo que ele havia perdido para sempre. O silêncio era ensurdecedor. Nenhuma mensagem, nenhuma chamada. Apenas a ausência esmagadora de Isabela.
A lembrança dela estava em todos os lugares. O travesseiro ainda tinha seu perfume, um aroma suave de jasmim que fazia sua mente viajar no tempo. Ele fechou os olhos e se viu de novo nos dias felizes, quando seus sorrisos se misturavam ao calor das manhãs e seus beijos selavam promessas que agora pareciam vazias. Ele sabia que havia errado, que não soube dar valor ao que tinha. Mas agora era tarde demais.
As madrugadas eram as piores. O silêncio do quarto parecia zombar dele. Antes, havia sussurros, risadas baixas e o calor de um corpo ao lado do seu. Agora, tudo o que restava era um vazio imenso e o som abafado da própria respiração. Ele sentia frio, mas não era o tipo que um cobertor poderia aquecer. Era o frio da solidão, aquele que se alojava na alma.
Os dias passavam devagar, arrastando-se como se o tempo fizesse questão de puni-lo. Ele queria voltar atrás, dizer o que não disse, fazer o que não fez. Mas a vida não oferecia retrocessos. O que se perde, na maioria das vezes, se perde para sempre. E era esse pensamento que o atormentava toda vez que via o feixe de luz atravessando a janela ao amanhecer. Mais um dia sem ela.
Foi numa dessas manhãs que Jonas encontrou, esquecida no fundo do armário, a blusa que Isabela sempre usava para dormir. Ele a segurou nas mãos como se segurasse um pedaço dela, como se pudesse trazê-la de volta apenas fechando os olhos e desejando muito. Mas tudo o que sentiu foi um aperto no peito e um nó na garganta que ameaçava se desfazer em lágrimas.
O tempo era a única resposta que lhe restava. Talvez ele cicatrizasse as feridas, talvez trouxesse Isabela de volta. Mas se nada mudasse, se ela nunca mais cruzasse seu caminho, então Jonas sabia que precisaria encontrar uma nova realidade. Quem sabe, um lugar bem distante, tão longe quanto Marte, onde a saudade não pudesse alcançá-lo.
Ele respirou fundo e, pela primeira vez em muito tempo, abriu a janela. O vento frio da manhã tocou seu rosto, levando embora um pouco da dor. Era um novo dia. E talvez, só talvez, houvesse um novo começo à sua espera.
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