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quinta-feira, novembro 25

Era uma vez um flanelinha…


Estou um tanto quanto sumido desse meu pequeno e aconchegante espaço virtual. Em parte, me falta criatividade para escrever algo interessante. Por outro lado, nas últimas semanas tenho experimentado a tal da vida offline, o que, de fato, recomendo a todos os amigos que acessam esse blog.
Trago até vocês uma história de humildade e superação, presenciada por esse blogueiro hoje pela manhã. Coloque o seu talão de rotativo em frente ao monitor e acompanhe comigo as linhas abaixo!
Era uma vez um flanelinha que trabalhava na Tomé de Souza, no quarteirão da Mary in Hell.
Desde o início, o estacionamento naquela área era livre. Ou seja, não havia a necessidade de utilizar o talão de rotativo. Dessa forma, as vagas eram bastante disputadas, e aquele que chegasse mais cedo levava a melhor.
Esse flanelinha era uma espécie de rei malvado. Se você quisesse estacionar seu carro no reino da Tomé de Souza, deveria pagar uma pequena taxa ao ditador. Aos que realizavam o pagamento, ele concedia pequenas vantagens como a reserva da vaga, utilizando carros de outras pessoas e estacionando-os de forma a ocupar o espaço de dois veículos.
Para nós, reles súditos que dependiam desse tipo de escambo (dinheiro por vagas), a alternativa era buscar vagas em outros reinos independentes que não sofriam com a mão de ferro de um rei cruel e inescrupuloso, ou então apelar para o Empério, cujas taxas são pagas à prefeitura em forma de talão rotativo.
Por muito tempo esse rei acumulou fortuna através desses atos. Eu, apenas mais um na multidão, nunca consegui estacionar o meu veículo nos domínios dessa perversa criatura. Ficava frustrado, confesso, pois sempre tinha que parar longe do meu destino.
Mas, um dia…
Pensando em expandir os seus territórios e aumentar a arrecadação, o Empério resolveu anexar os reinos independentes ao seu território. O nosso rei malvado, infelizmente, não possuia um exército capaz de lutar contra a “máquina” pública. Inevitavelmente, o Empério fincou a sua bandeira nos territórios ao redor do reino Tomé de Souza e passou a cobrar pelas vagas.

Bandeira do Empério


Falido, sem súditos e com o orgulho ferido, restou ao rei apenas aceitar a derrota e encarar a nova realidade buscando alternativas para continuar se dando bem.
O território que antes era movimentado, alegre e festivo, atualmente não passa de uma cidade fantasma. Porém, ainda existem aqueles que param por aquelas bandas quando não se encontra vagas nos raros reinos independentes.
Esse foi o meu caso nessa manhã.
Depois de muito andar, não encontrei nenhuma vaga nos reinos independentes da Savassi. Me restou, infelizmente, buscar abrigo no Empério. Por se tratar do território mais próximo do meu destino, acabei deixando o carro em frente a Mary In Hell. Nesse momento, tive um vislumbre da humildade do ser humano.
Enquanto terminava de manobrar, o antigo rei Flanelinha veio de mansinho, como quem não quer nada. Manobrei o meu carro e desliguei o motor e ele, ainda acanhado, se aproximava cada vez mais.
Como sou um cara precavido, é lógico que eu mantenho a moeda do Empério no meu carro para situações como essa, e quando começava a preencher o meu talão de rotativo, o ex-monarca diz todo sem graça pela janela do meu carro:
- Ah, você já tem rotativo, né?
- Tenho, respondo com toda a sinceridade do mundo (e um pouco daquele sentimento de “Fuck Yea”).
O antigo rei sai cabisbaixo. Triste com o fim que o seu reino dos sonhos teve. E eu saio rindo. Aquele sorriso de “se fodeu, otário”.

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